Ligada ao prestígio da História no quadro das humanidades, principalmente brasileiras, a ideia de que apresentar um autor, ou uma obra, ou toda uma literatura, é explicitar-lhe a circunstância nada tem de inocente. Convive com um deslizar da interpretação do fato para o próprio fato e dispensa o observador, ele mesmo histórico, de assumir sua narrativa como narrativa. Tomemos um exemplo. Nossos românticos cantaram o país, sua natureza, seus primeiros homens, a palmeira e o sabiá, tal como os viram, desde seu ideal estético. Buscando alcançar, assim, a essência do espírito nacional, e escrevendo para um público nascente, consumidor de ideias e de folhetins, difundiram junto a ele este seu imaginário. Então, deu-se por estabelecido que aí começava o país, e que pensar a literatura era pensar a nação, e vice-versa.
Autor: Campos, Haroldo de
Editora: Iluminuras
ISBN: 9788573213386
Ano: 2011
Edição: 1
Páginas: 128
Encadernação: Brochura
Formato: 12 x 21 x 0.7 cm