Os primeiros textos de Alice Ruiz S que me chamaram a atenção já eram haikais. Eram traduções do poeta japonês Issa Kobayashi, mas acima de tudo soluções que me pareciam mais sintéticas que as originais. Por exemplo: vaga aqui / lume ali / o vaga-lume. Isso foi há mais de duas décadas. De lá para cá conheci melhor a pessoa, a letrista e a poeta incansável que extrai poesia até da página em branco: página / que não dá poema / dá pena. Alice vê o haikai como um exercício fundamental para que o poeta saia de si e se concentre no mundo. Menos reflexão e mais apreensão. Menos sentimento e mais observação. O decurso do tempo cede lugar à percepção instantânea e palpável, como se pode ver aqui mesmo: paineira na chegada / ainda mais florida / no dia da saída. Neste jardim de Alice as palavras precisam se despojar dos sentidos acumulados ao longo da História para refazer a experiência humana a partir de um olhar inédito.
Autor: S., Alice Ruiz
Editora: Iluminuras
ISBN: 9788573213232
Ano: 2010
Edição: 1
Páginas: 64
Encadernação: Brochura
Formato: 16 x 23 x 0.4 cm