Em um remoto 1980, no posfácio de Os faróis invisíveis, quinto livro de poemas de Péricles Prade, eu citava estes versos: O vício é medula / de suposto sabor / A ele me devoto / [...] resistindo sempre. Poderiam ser epígrafe de Espelhos gêmeos. Comentava: O vício é também per-versão e in-versão, o contrário do previsível, o solapamento do natural , do estabelecido e da sequência lógica do discurso, a propósito de poemas povoados de paradoxos, descrições de aberrações, variando desde a perversão manifesta até agressões mais sutis contra aquilo que seria a ordem natural das coisas. Citava Roland Barthes, em Par lui même: A Lei, a Doxa, a Ciência não querem compreender que a perversão, muito simplesmente, torna feliz; ou então, mais precisamente, produz um mais: torno-me mais sensível, mais perceptivo, mais loquaz, distraio-me mais etc., e neste mais vem situar-se a diferença (e a partir daí o Texto da vida, a vida como texto).
Autor: Prade
Editora: Iluminuras
ISBN: 9788573214635
Ano: 2015
Edição: 1
Páginas: 96
Encadernação: Brochura
Formato: 13.4 x 22.4 x 0.5 cm