A intervenção paterna que evocamos aqui é inteiramente identificável nos primeiros momentos da criança, do infans, aquele que não é falante. Quando a criança entra no círculo familiar, acontece-lhe chorar, e a mãe dirá, no primeiro dia, que a criança está triste, no dia seguinte, que está passando mal, no outro lhe perguntará por que chora. No quarto lhe dirá ainda outra coisa, e todas as palavras que forem ditas irão definir essa criança; vão etiquetá-la, vão dizer o que ela é. Podemos perfeitamente entender o pai como aquele que vem dizer Não, ela não é tudo o que você diz dela!, ou Sim, mas...; ou seja, dar à criança as armas que lhe permitem fazer de modo a que não haja adequação entre o que sua mãe diz e o que ela é como sujeito. Isso banalmente só remete à clínica cotidiana, por exemplo, a das dificuldades anoréxicas. Algumas mães sem parar dizem à criança: Come tudo. Come. Come!. Será importante que um pai intervenha um dia, dizendo, à mesa: Deixa ela em paz.
Autor: Lebrun, Jean-pierre
Editora: Artesã Editora
ISBN: 9788585717797
Ano: 2004
Edição: 1
Páginas: 217
Encadernação: Brochura
Formato: 16 x 1.8 x 23 cm